ENCONTRO DE POETAS: CHUVA

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

CHUVA

Chova chuva,
chova,
chova depressa,
chova forte,
pro Sertão Nordestino
não morrer
sem água,
de sede.

Edilmar Amaral

Publicado no Recanto das Letras em 21/01/2008

Código do texto: T826564

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ENCONTROS SUGESTIVOS:

DVDS: Maria Bethânia Brasileirinho - Sade, Lovers in Live - Capital Inicial, Ao Vivo em Brasília - Jorge Ben Jor, Acústico MTV - Nirvana, Unpluged MTV
LIVROS: Vidas Secas, Graciliano Ramos - O Semelhante de Elisa Lucinda - Obra Completa de Fernando Pessoa - Obra Completa de Mario Quintana - O Anjo Pornográfico de Ruy Castro - Obra Completa de Clarice Lispector
FILMES: A Marca da Maldade de Orson Welles - Último Tango em Paris de Bernardo Bertolucci - O Jardineiro Fiel de Fernando Meireles - O Leão no Inverno de Anthony Harvey - Os Desafinados de Walter Lima Jr.

RAFAELA ELANE
Encanto/RN - Brasil, 20 anos, Escritora Amadora

"Eu prefiro ser
Essa metamorfose ambulante
Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo..."

Raul Seixas

UM NOVO TEMPO...

Meus dias são tortos,tão desiguais
Preciso aprender a viver sem você
Já não pretendo que as nuances da vida sejam perecíveis.
Arrancarei de mim o medo e suas digitais...
Não quero mais cinzas de rosas
Me cansei de suas mentiras
Há tantos rumos pra tomar
Tristeza é sem razão
Um novo tempo começou

Rafaela Elane

Publicado no Recanto das Letras em 13/11/2007
Código do texto: T735712

VOLÚPIA

Cavalgo no seu corpo
Inebriando-me de prazer
Frente à sensação que cega
Na volúpia desse fogo
Acariciando-te freneticamente
Envolto no seu cheiro enloquecedor
Corpos suados,pernas entrelaçadas
Sussuro ao pé do ouvido
Desejo perpétuo
Amantes apaixonados...

Rafaela Elane

Publicado no Recanto das Letras em 05/11/2007
Código do texto: T724226

LOUCURA

É só pensar em você
Que a minha sanidade
Se desfaz em poucos minutos
Tento dormir,mas não consigo
O silêncio me chama
Levanto e saio pelas ruas
De pés descalços
Parando no primeiro botequim
Ei,camarada!
Dê-me um cigarro
E uma boa dose de conhaque
Desespero em imensidão
Matéria dolorida
Exaustão!
Por um segundo reflito
Que loucura
Um ato falho
Lá vem tudo de novo
Lastimável insanidade
Será doença?
Que vã existência

Rafaela Elane

Publicado no Recanto das Letras em 30/10/2007
Código do texto: T716474

RECORDAÇÃO

A casa está vazia
Na parede seu retrato
Em branco e preto
Pego o velho disco empoeirado
E ouço nossa canção
Ébria de nostalgia
Leio um livro
Sentindo o aroma do seu perfume
A cada página virada
Da janela vejo sua imagem
Refletida na lua
Passando sem parar
Dolente na noite fria
Ferve-me o sangue
Mas só assim
Sinto você por perto

Rafaela Elane

Publicado no Recanto das Letras em 26/10/2007
Código do texto: T710818

AFLIÇÃO

Já é madrugada
E aqui estou!
Deitada no meu leito de solidão
Meditando a minha triste dor
E o sono ainda nem começou
Só náusea
De querer aquilo que eu não posso ter
Então, suspiro
Chorando de saudade
Pois existia uma suave esperança
E o vento levou
Agora começo a pensar
Que o destino sempre me quis só

Rafaela Elane

Publicado no Recanto das Letras em 04/10/2007
Código do texto: T680530

VENTANIA

O vento chegou como um bandido
Levando a beleza que ali estava
Fazia pouco tempo
Pra bem longe dos meus olhos
Deixando apenas a alvura dos ares
Agora é recordar
Com gosto de saudade
Valeu a pena?
Tudo vale a pena

Rafaela Elane

Publicado no Recanto das Letras em 02/10/2007
Código do texto: T677409

MELANCOLIA

Noite chuvosa, vazio, frio
Ventos impulsionam a janela lateral
Pensamento distante,
Traz-me murmúrio.
Olhos cansados, alma aflita.
Sem nuances, adormeço.

Rafaela Elane

Publicado no Recanto das Letras em 07/02/2008
Código do texto: T849702

FEITIÇO

No meio da noite passaste por mim
Sorriso tímido, olhar encantador.
Anseio a aproximação física,
tuas mãos sobre as minhas.
Relógio tiquetaqueia, tempo flui.
Te convido para dançar
Êxtase da vitória.
No dia seguinte vejo-te outra vez
faz-me menina-mulher.
Dia feliz, verão inesquecível
Tão óbvia nossa partida.
Talvez um dia a gente possa se reencontrar.

Rafaela Elane

Publicado no Recanto das Letras em 14/02/2008
Código do texto: T859619

_______________________________

CELINA FIGUEIREDO
Belo Horizonte/MG - Brasil, 78 anos, Escritora Amadora

O RELÓGIO

Morre a tarde,
silenciosa e quente...
Na mesa, castiçais
a reluzir cristais
aos raios multicolores
do sol poente.

À minha frente,
centenário relógio,
no seu tic-tac sonolento,
relembra o passado.

Esquece-me o presente...
Vôo no espaço ausente...

Quantos, ora sem vida,
já te deram vida!
Tantos te contemplaram
elegante e belo,
na parede da velha casa!
Quantos irão te ver ainda
a marcar, solitário e indiferente,
a implicável, infinda,
passagem do tempo!...

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 02/12/2007
Código do texto: T761662

LAMENTO DE OUTONO

Das árvores as derradeiras folhas,
amarelas, ressequidas,
caem lentamente
ao sopro do vento outonal.
No solo que lhes deu vida
tecem um tapete floral,
à espera do sonho
que um dia virá,
depois que o inverno
o lençol levantar
e a primavera de novo voltar.

Em mim o outono
é bem mais cruel,
deixando impiedoso
as marcas profundas
de sonhos desfeitos
de amores sofridos
da vida vivida
no seu dia a dia.
E se o inverno acaso chegar
do que fui nada mais vai restar
que a primavera perdida no tempo
nunca mais, nunca mais ,
há de tornar.

1986

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 13/11/2007
Código do texto: T735844

MÚSICA DA SAUDADE

Um violino...
Uma flauta...
Vagos sons e arpejos,
música difusa,
música da alma,
vibração interior
a reviver saudade
a retornar o tempo:

Menina atenta,
deslumbrada,
sonha,
dança,
soluça e ri...

Afinada orquestra
para a vida
me desperta.

Não danço mais
da "Viúva Alegre"a valsa,
Nem lamento o "Cuore Ingrato".
Bem distante "O Trovador"
me entoa o "Miserere".

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 14/11/2007
Código do texto: T736882

QUINTA ESTAÇÂO

Flores e cores da primavera,
Sol ardente de verão tropical,
Outono amarelo-ouro de folhas mortas.

Noites mornas,
Noites quentes,
Noites de paixão intensa.

Tudo é passado.

Do inverno não sinto frio.
Abraçada as minhas edelvais
Serena espero o sol do
INFINITO

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 18/11/2007
Código do texto: T741994

O TEMPO

Voa veloz o tempo
deixando em tudo
o registro implacável
de sua passagem.

Tempo é o passado,
tempo é o futuro
que o presente
só é marcado
pelo fugaz encontro
do tempo que vai
e do tempo que vem.

Tempo passado,
de infância que brinca,
de juventude que sonha.

Tempo futuro,
vida no passado,
desilusão...

1986

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 20/11/2007
Código do texto: T745323

VOAR...SONHAR...

Em momentos de dor e de loucura
voei ao sabor da ventania;
senti na pele o roçar excitante
do vento que inebria e fascina,
ao derramar no ar o doce aroma
roubado dos rosais em flor.

Qual veleiro em mar revolto,
em meio a tempestade naveguei.
Nas alturas siderais eu encontrei
todo amor que aqui na Terra procutrei.

Em densas nuvens,
doirados colchões de sonho,
plena de gozo celestial,
feliz eu repousei.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 20/11/2007
Código do texto: T744982

UMA LÁGRIMA... UMA PRECE

É noite.
Tristeza infinda
Sem piedade
O sono invade.
Fantasmas do passado
Perambulam pelas sombras...
O sonho em pesadelo se transmuda
E uma voz aflita,
Entre os escombros
De castelos em ruínas transformados,
Clama em gritos por socorro ao infinito...
Uma lágrima, em desatino,
Solitária e muda,
Rola perdida,
Sem destino,
E qual uma prece
No coração, serena e calma, adormece.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 14/11/2007
Código do texto: T 737336

ALMA DESNUDA

Quero agora
cantar amores,
chorar saudades,
beijar o vento,
abraçar o sol,
suspirar à aurora.

Chorar
não consigo.
Cantar
não posso.

Sou rio
sem vida,
sem margem florida,
sem brisa da manhã,
sem clarão da lua,
sem arrebol!

Sou alma perdida,
imagem nua
a vagar sem rumo
na noite escura.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 18/11/2007
Código de texto: T741980

AMOR SILENCIOSO

De mãos dadas,
pelas ruas,
a contemplar o amanhecer,
as flores da praça
as borboletas adejantes...

Eu nada te diria...
Tu nada me dirias...

De mãos dadas,
nos encantaria
o recolher dos pássaros,
a primeira estrela,
o clarão da lua,
a noite calma.

Tu nada me dirias...
Eu nada te diria...

De mãos dadas,
lado a lado,
para sempre...

Eu nada te diria...
Tu nada me dirias...

Só nas mãos entrelaçadas,
o amor que nos unia.

Publicado no Recanto das Letras em 15/11/2007
Código de texto: T738121

NON TI SCORDAR DI ME

Quando a sombra inevitável
sobre mim pairar,
não mais teus olhos
nos meus vão refletir,
não mais meus olhos
tua imagem irão buscar.

Mas, se à janela te puseres a cismar,
em tardes mornas de outono tropical,
ouvirás bem pertinho a voz do vento,
que de leve teu rosto acaricia
e teus cabelos desalinha sem pedir,
sussurrar a mensagem de carinho
que das nuvens bem distantes
eu te envio.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 22/11/2007
Código de texto: T747330

AQUELA ROSA

Acaso lembras ainda
da rosa que tu me deste?
Rosa rosa, cor de rosa,
de aroma doce e silvestre,
a minha mão perfumou.

Hoje, seca,
emurchecida,
guardada com amor e ciúme,
exala o doce perfume
da mão
que um dia
a colheu.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 24/11/2007
Código de texto: T750332

DIVINA PAZ

Cinzenta cai a tarde.
Tempestade ameaçadora
Qual monstro enfurecido
Ronca lá fora.

Do profundo mar do inconsciente
Emergem feras famintas
E em seu uivar cortante
Rangem os dentes
Ávidas por devorar-me a entranha.

Com as armas da esperança
Tento confiante
Sufocá-las para sempre
No mais profundo abismo
Da existência.

Passada a tempestade
Brilha o sol já no poente
E cai a paz serena e calma
Em minh'alma abençoada.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 06/12/2007
Código de texto: T767482

O ALFA E O HOMEM

Abri caminhos desbravei florestas
naveguei os rios
dominei os mares
transpus perigos
escalei montanhas
sondei o espaço
parti o átomo
desci na lua.

Transformei sementes
modifiquei a planta
pesquisei a vida.

Semeei mil flores
reparti as dores
dividi amores.

Desprezei princípios
busquei a origem tombei cansado.

Só nas mãos de Deus
pude encontrar
da vida a luz
a primeira essência
o primeiro sopro
do Universo
da Criação.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 13/11/2007
Código de texto: T735912

SONHO ALADO

Nas asas doiradas do sonho
Voou meu coração.

Sonho desfeito,
Asas partidas,

Coração magoado.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 15/11/2007
Código de texto: T752069

SONHOS MORTOS

De rosa vermelha
pétalas secas
exalam no ar
doce aroma
na vã tentativa
de reavivar sonhos
esquecidos no tempo.
Lentas,
sem cor,
sem viço,
do vento ao sabor,
tombam desiludidas
no chão frio,
sem luz,
onde tremeluz
quase sem brilho
pálida chama
de vela finita.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 07/02/2008
Código de texto: T7849775

APELO

Força que anima
meu viver sem vida,
doce miragem
a embalar meus sonhos,
deixa ao menos
eu seguir teus passos
e, na poeira que teus pés levantam,
sufocar o pranto de esperança,
matar para sempre esta paixão.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 23/11/2008
Código de texto: T749049

CONTEMPLAÇÃO

Na praia deserta
de vaga incerta
a espuma se desfaz.

Marulho de mar...
Sussurro de vento...
Pranto de saudade...

Natureza em paz.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 26/11/2007
Código de texto: T753531

NOSSOS CORPOS

Num terno e envolvente abraço
nossos corpos unidos,
sobre branco leito
perfumado,
entre sonhos e desejos
levitavam
e em êxtases sublimes
se perdiam
e silenciosamente se quedavam.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 23/02/2008
Código de texto: T871885

DEUS

Uno e trino,
divino paradoxo,
insondável mistério,
a cada amanhecer eu Te bendigo,a cada entardecer
eu Te agradeço.

Ao som da Ave-Maria,
eu Te encontro,
em cada flor,
em cada pássaro,
em cada estrela.

Celina Figueiredo

Publicado no Recanto das Letras em 12/02/2008
Código de texto: T856652

sonho e poesia
Rio de Janeiro/RJ - Brasil, 47 anos, Escritor Amador

VIRA-LATAS

Farejei um cio;
despertou meu
vira-latas,
que vive na noite,
bebendo cerveja,
cantando em bares,
amando e desamando
como quem troca de roupa.
Farejei um cio
e meu radar
me trouxe aqui.
Não trago promessas,
nem sei se levo
uma alma;
levo um corpo usado,
gasto pelo tempo
mas com experiência
pra te dar
prazeres únicos;
pra não mais esqueceres.

sonho e poesia

Publicado no Recanto das Letras em 28/01/2008
Código do texto: T836229

CHEIROS E CORES

Estou te levando
cheiros e cores.
De rosas, de jasmim,
cravo e canela,
almíscar e de meus suores.
Levo pinceis molhados
em amarelos, verdes,
magenta, azuis,
e meu
vermelho de cio.
E vou te deixar
um cheiro de
sexo, de sêmen,
e uma saudade
azul celeste.

sonho e poesia

Publicado no Recanto das Letras em 15/01/2008
Código do texto: T818202

BELEZA

És a beleza.
Tens aquele ar de princesa,
distante e que invade,
e nos deixa
assim, meio bobos,
sem saber o que dizer.
Pintura de Modigliani,
perfil oblongo,
estilo próprio,
alimenta sonhos, só sonhos;
como se aproximar
de tanta luz?
És a beleza,
um prêmio da natureza,
festa para os olhos,
sonho de poetas.

sonho e poesia

Publicado no Recanto das Letras em 11/02/2008
Código do texto: T854572

DESENCONTRO

"Porque perdemos tanto tempo?"
Só lembro dessa frase
no meio do sonho.
Andávamos abraçados,
sorrindo, felizes.
E me veio aquela
sensação de despedida,
e como um desencanto,
sumiste no ar;
pela milésima vez...
"Porque perdemos tanto tempo?
"Não entendo esse desencontro.
Só entendo esse nó na garganta.

sonho e poesia

Publicado no Recanto das Letras em 11/02/2008
Código do texto: T854568

ENSINANDO A CAVALGAR

No ar, esse
cheiro de sexo.
Despertando libidos,
te desejo e
te desenho com meu falo,
rabiscando tuas umidades;
e nada falas;
boca sedenta,
miados, grunhidos e
sons desumanos;
tua pele eriça e
me passando a perna
te ajeitas na sela
e o animal convulsiona;
primeiro aos pinotes,
depois, sincronizando,
num ritmo alucinante,
chegamos ao fim da raia;
ofegantes, suados,
felizes.

sonho e poesia

Publicado no Recanto das Letras em 15/02/2008
Código do texto: T860803

MENINA TRISTE

Queria te consolar,
menina triste;
Saber dos teu ais,
acariciar teus cabelos
daquele jeito de carícia antiga.
Queria te dar colo e secar essa lágrima
com beijos, e com gracejos
te fazer sorrir.
E chegaria com rosas,
com reverências,
daquele jeito que
não se usa mais.
Mas não posso...
és cibernética,
manifestação magnética
nessa tela fria de computador.
Então, te mando
esses versos,
simples, pobres,
mas confesso
que gostaria de
viajar com eles.

sonho e poesia

Publicado no Recanto das Letras em 14/01/2008
Código do texto: T81661

QUERIA SABER DE TI

Queria saber de ti.
Daquele sorriso,
daquele siso
que insistia
em não vir.
Queria saber de ti.
De teus sonhos,
teus pesadelos e
de teus ais.
Queria saber de ti.
Da saudade e
do choro que molha o travesseiro,
ou mesmo do esquecimento
de nossas músicas
dos nossos risos e
nossos planos; mas
como saber de ti,
se não queres
saber de mim?

sonho e poesia

Publicado no Recanto das Letras em 28/02/2008
Código do texto: T879671

QUISERA

Quisera
ser um eletron
e viajando
na tela, nos fios,
e nas ondas chegar a ti
e me materializar.
Te pegar na intimidade,
de baby-doll
e desvendar-te,
e te confundir,
te deixar pasma,
me embrenhar em ti
e fazer loucuras,
me lambuzar,
te saciar
e partir numa
nuvem fria,
como o Zepelin
da Geni.

sonho e poesia

Publicado no Recanto das Letras em 31/01/2008
Código do texto: T840900

LEDALGE
Paranaguá/PR - Brasil, Escritora Amadora

MAR DE EMOÇÕES

Beijo meu, que um dia sentiste,
Na mais real das intenções,
Querendo mostrar-te que existe,
Um mar sem rumo de emoções!

E como a caravela, subiste,
Aos montes e oceanos da razão,
Mas sem que o teu orgulho ouviste,
Lamúrias e redomas da paixão.

Por certo, o meu beijo mereceste,
Sobrando em ti a luz atemporal,
Que molha o teu corpo, Éden neste;
Meu canto de paixão e nada igual,
Fará com que o sabor do meu deleite,
Retalhe de você, meu mor sinal!

Ledalge

Publicado no Recanto das Letras em 04/12/2007
Código do texto: T764843

POÉTICA DOS OLHOS DO MAR

Olhos comovidos que contém o oceano,
Em gotículas de sal e de saudade.
Olhos marejados, que invadem,
Por correntes cardíacas dos desenganos...

Olhos quiméricos sempre alerta!
Aos passos dos ventos do prazer;
Olhos nos olhos, fruta-cor em querer.

Chegando ao ápice das palavras secretas!
Olhos convulsos, quando estão exaltados,
Olhos meninos, quentes de amor,
Profetas, que advinham qual a cor...

Que eles têm no mar em plano,
Querendo ter em globo insano,
O poder de mensurar o teu calor!

OLHOS NEGROS

Tenho dentro de mim, um lindo lago azul!
Que ostento na retina dos meus olhos negros.
Afagados pelos laços deste peito nu,
Que nasceu fortaleza num simples brinquedo!

Se me aquece a alma de infinita verdade,
São os meus sentimentos, meu coração meigo...
Que colho das entranhas na fiel realidade,
Como o colo do pai, um escudo ameno...

Tenho dentro de mim – uma chama que arde!
Que invade meus poros de infinita benção;
Sou a mãe do arco-íris em felicidade...

Sou a folha que cai e renova emoção,
Que sorri de saudade, e beija um irmão.
Sou a paz que emana no mundo emoção!

Ledalge

Publicado no Recanto das Letras em 03/01/2008
Código de texto: T802045

MAQUIANDO ARTE

Ledalge diz:
Nuamente meu peito à pena adere
Ledalge diz:
E os meus sonhos em nuvens extravazo
Ledalge diz:
Chego ao meu âmago e me fere
Ledalge diz:
A lira dos olhos em meus pedaços
Ledalge diz:
Que colho do chão e transformo em estrelas
Ledalge diz:
Maquiando minha face como em retrato
Ledalge diz:
Choro, ao me ver tão nua e desperta
Ledalge diz:
Voo na lacuna do fel dos meus recatos
Ledalge diz:
Eu queria poder calçar o mundo
Ledalge diz:
E bem distante carregar meu fardo
Ledalge diz:
Menina luz em ebulição
Ledalge diz:
Queria assim meu coração
Ledalge diz:
Num tom maquiado e tão profundo
Ledalge diz:
Como nos tristes e doces fados!!!
Ledalge diz:
o que achou

Ledalge

Publicado no Recanto das Letras em 27/12/2007
Código de texto: T794227

MERIAM LAZARO
Porto Alegre/RS - Brasil, Escritora Amadora

MÃE RENDEIRA

Menininha rendeira
Em bilros tecendo sonhos
Com seus dedos longos
Quer alcançar a Lua

Cruzando tecidos
Em agulhas feito pêras
Desenhando estrelas
Como a aranha,
Lentamente
A sua teia

Aprendeu
Em sua brandura
A tecer desde bem cedo
Fazendo mais flor
De algodão
Que no campo
A semeadura

Meriam Lazaro

Publicado no Recanto das Letras em 24/01/2008
Código do texto: T830484

VIDA SERPENTINA

É preciso precisar
O sentido
Viver a vida a bailar
Em ondas de serpentina
Para aprender a dar valor
Ritmado
Ao que se guarda na retina

Flutuar na despedida
Passarinhos passageiros
Asas de borboletas
Tão finas
Desertar lembranças partidas
Sal e suor
Desta vida repentina

Mas antes de se apagar
Deste momento o pôr-do-sol
Recuar à janela
E ouvir o som
Do bloco de quem vive a sonhar
Serpenteando o tom
Da canção de um amor maior

Meriam Lazaro

Publicado no Recanto das Letras em 31/01/2008
Código do texto: T840490

PLURAL

Digo
Grafo, pinto e bordo
Ainda não bailo
Mas chegará o plural
Sorrirá a festa
Correrá floresta e madrigal
Terno, lisonjeiro, galante
À mesa posta na Lua
O vinho será servido ao som
De violas de cristal
Nas nuvens será bordado
Diagrama de um amor maior

Meriam Lazaro

Publicado no Recanto das Letras em 20/01/2008
Código do texto: T824765

PALAVRAS DE UM FUTURO BOM

Palavras que em mim são ditas
Cantadas na canção bonita
Palavras que eu quero viver
Faladas em ocasião bendita

Libertam do casulo o embrião
Expressam sonhos oprimidos
Segredos em dor adormecidos

Varrendo da alma e coração
Reflexos que não são meus
Trazendo de um futuro bom
De liberdade, a permissão

Meriam Lazaro

Publicado no Recanto das Letras em 15/01/2008
Código do texto: T818101

Mardilê Fabre
São Leopoldo/RS - Brasil, Escritora Amadora

AO VENTO QUE PASSA

Suplico ao vento que passa:
Leva contigo a tristeza,
Varre do mundo ameaça
desta eterna malvadeza

Devasta o caos homicida,
e não o gosto da vida.
Destrói lágrimas de dor,
e não o riso do amor.

Dizima as malditas cruzes,
e não o brilho das luzes.
Dilui do homem a saudade...
Substitui pela amizade...

Mardilê Fabre

Publicado no Fórum do Recanto das Letras em 31/12/2007

SOMOS UM...

Éramos dois quando nos conhecemos,
Ficamos um quando nos entendemos,
Sublime, sutil, imortal momento
Que despertou dormente sentimento.
Eu, rarefeita, em ti me desintegro
E me perco, e me extravio, e me entrego...
Perfeita e harmônica interação:
Em uníssono um só coração,
E apenas uma alma em plena oblação.

Mardilê Fabre

Publicado no Fórum do Recanto das Letras em 24/12/2007

SEQÜÊNCIA DE HAICAIS

Haicai XIII

O jardim desperta,
primavera colorida.
Eis a descoberta

***************
Haicai XIV

Verão sem igual.
Na tarde silenciosa,
ouve-se o pardal.

***************

Haicai XV

Durante o verão,
ilumina o vaga-lume
toda a escuridão.

***************
Haicai XVI

Assobia o vento,
dançam folhas amarelas.
É a vez do outono

***************

Haicai XVII
No meio da neve,
elegância de casaca.
Ao frio se deve

***************

Mardilê Fabre

Publicado no Recanto das Letras em 10/01/2008
Código de texto: T 811774

POR QUE NÃO EU, MEU AMOR?

Por que não me procuraste?
Eu te esperei na nossa rua.
Por que não escreveste?
Eu estava tão perdida...
Por que não me amaste?
Eu queria ser toda tua.
Por que não me escolheste?
Eu queria ser tua vida.

Por que me abandonaste?
Por que me esqueceste?
Por que desapareceste?
Por que me magoaste?

Por que a outra?
Por que não eu?

Mardilê Fabrê

Publicado no Recanto das Letras em 05/01/2008
Código de texto: T804498

NÃO COMPREENDO O VETO

O vento sussurra amor.
Pena que eu entenda dor.
O vento mostra a beleza
e eu interpreto tristeza.
O vento fala de bondade
e eu só escuto maldade.
O vento traz alegria
e eu percebo nostalgia.

O vento me dá bonança
E eu sofro com a lembrança
Do meu tempo de criança,
Quando havia esperança.

Mardilê Fabre

Publicado no Fórum do Recanto das Letras, Poesia On-Line, dia 16/9/2007.

TANCA 1

Pertinho do céu,
leva o sonho da criança,
requebrando ao léu.

Rostinho ainda inocente,
Crê na vida veemente.

Mardilê Fabre

Publicado no Fórum do recanto das Letras, Poesia On-Line, dia 01/12/2007.

À TARDINHA

No silêncio da tarde,
ao longe, muito ao longe,
através dos campos
coloridos,
imensos,
silenciosos,
tranqüilos,
seguros,
ouve-se o badalar de um sino.

Seis horas da tarde...
Hora de prece,
de recolhimento,
de agradecimento,
de reconhecimento,
de meditação,
de espiritualização.

Os animais entendem;
calam-se,
abrigam-se,
aconchegam-se,
reconhecem,agradecem.

E o homem?
Por que o homem se esquece
do ESPÍRITO?

Mardilê Fabre

Publicado no Recanto das Letras em 23/07/2006
Código do texto: T200125

TERRA GRÁVIDA

Nuvens pesadas, cinzentas, choram
sobre a terra grávida de sementes
que, agradecidas, rasgam o seu ventre
e vêm beber a vida.

Mardilê Fabre

Publicado no Recanto das Letras em 24/07/2006
Código do texto: T201037

VAZIO DE TI

Chegaste. Preencheste o vazio...
E minha vida virou magia...
E o tempo gotejou cada dia...
E o teu coração ficou sombrio...

E um dia, sem fazer um aceno,
Me deixaste. E voltei a ficar só...
Sonâmbulo, sem destino, peno...
Volta, vem me amar... De mim tem dó...

Mardilê Fabre

Publicado no Fórum do Recanto da Letras em 23/01/20082008

VAMOS BRINCAR DE VIVER ...

Vamos brincar de viver...
Chamo-te para momentos
Ilusórios de prazer
Num falso mundo de alentos.

Vamos brincar de viver...
Esquece o acaso inseguro.
Luta sem esmorecer
Por teu destino seguro.

Vamos brincar de viver...
Ouve. A música acalenta.
Deixa o sonho florescer.
A vida acontece lenta...

Mardilê Fabre

Publicado no Fórum do Recanto da Letras em 24/01/2008

CÂNDIDA BELEZA

Hoje o dia amanheceu branco,
angélico, como minha mente,
livre de pensamento ingente,
coberto com níveo manto.

O jardim vestiu-se de pureza.
Espera assim engalanado
e com aroma almiscarado
a visita da natural realeza.

Os alvos lírios, magníficos,
atraem colibris pacíficos,
e os olhares das gentes,
e os corações inocentes.

Mardilê Fabre

Publicado no fórum do Recanto das Letras,
em 10/01/2008.

VIAJO...

Viajo nos teus olhos serenos
em busca de ardores amenos.

Viajo nos teus lábios macios
em busca de afetos fugidios.

Viajo na tua tez sensível
em busca de calor indizível.

Viajo no teu corpo dolente
em busca de prazer ardente.

Viajo na tua mente quieta
em busca de minha alma inquieta.

Viajo no teu sono divino
em busca de meu sonho hialino.

Mardilê Fabre

Publicado no fórum do Recanto das Letras,
em 13/01/2008.

ROSA DO DESERTO
Curitiba/PR - Brasil, 33 anos, Escritora Amadora

ABALOS DO CORAÇÃO

Chove lá fora, o vento assovia
o frio é de congelar os ossos
estou aqui, passando a limpo
meus dias sem você...
Deixei de ser a menina flor
dos jardins da inocência,
hoje faço amor no pomar da existência.
Vasos de lírios levam-me ao delírio dos
momentos secretos que compartilhamos,
mudando a história, Além da Paixão.
Firmo meus pés que insistem em flutuar
do chão e a cada movimento ao ritmo da
música, sem o tema principal, rodopio na
saudades, que é uma lâmina afiada, rasga
sem pudor minhas esperanças...
Meu coração de mulher pequena tem a força
do salmão em época de procriação, não
tenho limites para jurar o meu amor.
Entre os parreirais do meu inconsciente,
pisoteio as verdes uvas que darão o vinho
da próxima noite de solidão...
Com um suspiro longo, a lágrima cai e a
vontade finda.

Rosa do Deserto

Publicado no Recanto das Letras em 30/08/2007
Código do texto: T630798

DAMA DO LAGO

Visualizo meu lago interior, ele está quieto, sentada tranqüilamente a beira deste lago vou observando os pássaros sobrevoando, cantando sobre o meu céu. Penso no silêncio obtido, poderia ser uma orquestra aqui dentro, mas os pássaros sobrevoam não fazendo seus ninhos, simplesmente imigram até as terras do amor, deixando-me assim, cristalina, somente algumas carpas douradas nadam, levando oxigênio às minhas águas, e quando a chuva despreende-se do véu da noite, inunda meu ser, fazendo da vida que eu poderia ter sentimentos em estradas longínqüas.As estrelas vibram cintilando, tentando animar a lua pregada no bréu com taxinhas de esperanças.Sou um lago interior com desejos de tornar-me um mar de emoções, tendo um único barco, um barco que não fosse de papel, para navegá-lo...
Agora vou fundo na terra, aumentando a erosão do coração, eu sei, terei que ser preenchida com entulhos de vida, até minhas águas esgotarem para darem vasão a alguma construção em série, os pássaros mal pousarão nas construções de concreto, onde a realidade funde-se em pilares sólidos de uma vida sem mentiras, sem ilusões, sem fantasias, assim sou a dama do lago gelado, nas águas insalobres me transformarei, sou uma ninfa do teu paraíso de sonhos, habitarei o concreto que será armado nos ferros de construções sólidas, sinto-me ferro retorcido, à espera do mar que em ressaca forte talvez venha me libertar...

Rosa do Deserto

Publicado no Recanto das Letras em 07/12/2007
Código do texto: T768469

VERDADEIRO AMOR

Meu bem querer, estejas onde for, mesmo sendo viajante errante nas paragens do viver
acredites amor meu, levar-te-ei até o fim dos meus dias, renascerei de sorrisos plenos,
continuando a trilhar os tijolos doi'rados do amor confirmado nas noites de luar.
Seguirei as estrelas do firmamento, pedirei às plêiades trazerem os teus beijos....
Findada a primavera, iniciando o solstício, rabiscarei em versos declamados
de emoção, que mesmo em desertos áridos, somente serás meu oásis e minha doce canção.
A ti vida minha, entregar-te-ei o verdadeiro amor do meu coração.

Rosa do Deserto

Publicado no Recanto das Letras em 20/12/2007
Código do texto: T785801

SONHOS II.

Um instante de eternidade
meu sonho se realizou
você me encontrou
no balanço de um abraço
a melodia do espaço
que invadiu meus dias
um momento de silêncio
um segundo e
ter a tua companhia
assim vou prosseguir
nos caminhos da vida
vamos passear à beira bar
vida te encontrou
ela girou
na pureza deste laço
fica por favor,
fica por amor...

Rosa do Deserto

Publicado no Recanto das Letras em 11/12/2007
Código do texto: T773580

POETAS NÃO SE CASAM, ELEGEM MUSAS

Certa vez, tive o privilégio de ser chamada
de musa, fui alteza e rainha, menina e flor,
fui casada e noiva, voltei a ter o dom do amor.
Mas o destino do poeta, são as ruas e a
boemia, onde sabe encontrar a musa da sua poesia.
Quem sabe um belo dia, possa esta musa
encontrar com o poeta longe de sua fantasia?
Enquanto a lua almeja beijar o sol, as ondas do mar
tentam fundirem-se com as estrelas, com certeza
continuarei a ser musa do rei, pintor, poeta e cantor.
Quem sabe, um futuro poeta violeiro, marceneiro,
ou marinheiro?
Toda musa é romântica e quer exclusividade,
não vive sem poeta, faz de suas primaveras
verões intermináveis, onde a aurora,
a sofreguidão nos dão a sensação que o poeta é eterno,
“o poeta sim, a musa não”, que tudo seja eterno, enquanto dure!

Rosa do Deserto

Publicado no Recanto das Letras em 07/01/2008
Código de texto: T806515

ARCANJO

Quando surges, minha'alma suplicando
o termômetro do medo, áspero virginal
fortes abraços da noite, aves, mau agouro
suplico arcanjo, não liberte o animal!
Corro os bosques largos, que revela
Ao pio arrepiante da coruja errante: e, quando
salta feroz, ele arcanjo, chorando,
desce, céu lamentando, entre nuvem e estrela
E tu suspiras em tom baixinho. Volta,
pra que subir, vendo-te caída?
Fico a fitar-te morta, enternecida
E enquanto recupero, minh'alma de condor
a teu olhar, reavivo milagrosamente paz
Toda esperança finda, sem teu amor...

Rosa do Deserto

Publicado no Recanto das Letras em 05/01/2008
Código de texto: T803401

ALMA-GÊMEA

Em busca de minha alma gêmea
percorri a via láctea e renasci
não consegui te seguir a beira mar
Na verdade, muros de castelo
sempre nos separavam, e quando
apaixonados, morríamos atraiçoados.
Somente o sonho traz você, encontro!
Nada além do que sinto é mais puro e viril
não, palavra gélida de esperança finda;
Quero a luz da Aurora minha, mais brilhante
nos olhos que refletem o mar dos amantes
e hoje nas palavras tristes, ainda existe, o amor...

Rosa do Deserto

Publicado no Recanto das Letras em 08/01/2008
Código de texto: T808505

FORJADA DE TUA ESPADA

Águas do meu olhar vertem feito cachoeira, menina, tímida, ferida com uma flecha dourada, por um cupido entusiasta, estou debruçada nas rochas do esquecimento, com cabelos esvoaçantes no tempo, clamando ao rei sol para não desapontar entre as nuvens dos sentimentos, vastos caminhos, íngremes e escarpados, tesouros escondidos, vertentes fluídicas de um amor impossível...Possível seria, se ele encontra-se a sua dama, vestida com escamas coloridas, conhas extraídas do seu coração, um coração honrado, um guerreiro e um segredo guardado a milênios, queria tanto poder ao menos encontrá-lo nos castelos em ruínas das memórias tão tardias, estes sonhos embaraçados, dão nó na garganta, volto no passado, chorando, só, buscando o perpétuo amor que sou fiel, jamais deixei de amá-lo, poderia esquecer quem sou, jamais iria encobrir-te de terra...Carrego-te em meu peito, em minh'alma, meu ser foi forjado da tua espada, meu nobre anjo-bárbaro!Volta e carrega-me nos braços, apenas uma vez mais... Vem dizer-me que não esqueceu-me jamais...

Rosa do Deserto

Publicado no Recanto das Letras em 08/01/2008
Código de texto: T808597

AMOR DE AÇÚCAR

Pise nas claras batidas em neve em meu coração de chantili
derrame bastante calda de chocolate sobre meu corpo de baunilha
adoçando meus lábios com melado de morango vem dizer que
sou feita de cabelos de anjo e que jamais experimentou tamanha
delícia!

Rosa do Deserto

Publicado no Recanto das Letras em 19/01/2008
Código de texto: T824065

SENSUALIDADE À FLOR DA PELE

Me leva até a janela dos sonhos por caminhos nunca percorridos,
mistura tua relva na minha carne impúbere macia e virginal,
quero sentir um amor selvagem, animal,
me leva contigo nas asas de anjo bandido,
se inflame de desejo na chama de meu corpo sedento.
Vem me induzir ao pecado, sacia a sede de ter-te pleno.
Induza-me aos seus anseios terrenos, anjo meu.
Entre meus desejos carnais animalescos, desejos tão loucos,
que vão nos consumindo aos poucos, rasga-me a roupa em seus dentes de lobo,
e o amor latente aos poucos ferro em brasa, sentindo tudo sem deixar nada,
eu quero teu amor a qualquer preço, quero-te por inteiro,
os teus beijos ardentes, febris, tão doces, molhados e quentes, só meus.
Vou me embriagar no perfume do teu corpo e colocá-lo encaixado junto ao meu,
em sorrisos tempestuosos, nos desertos juntos à dimensões sensuais,
serei seu amor pra sempre e nada mais.

Rosa do Deserto

JOIO E TRIGO

Dos olhos de lince retiro a senha que abre
portas até o labirinto iluminado do teu coração.
E em uma manjedoura estou renascendo, livre
das amarras do preconceito, vou rompendo os
casulos celestes dando asas ao anjo borboleta
que das caudas de cometas tece nas estrelas
um manto azul, vou formando golfinhos na orla
dos olhos marejados teus, somente para derreter
geleiras e afrontar aqueles que não enxergam
o além por trás das cortinas de fumaça da ignorância.
Não posso obter troféus, sem antes gritar independência,
sem ficar na dependência de um apocalipse
ilusório, prefiro as chamas da verdade,
do que a ignorância cega.
Não costumo rotular potes religiosos,
que estão embolorados nas prateleiras da hipocrisia,
prefiro absorver a luz direta da fonte, onde a energia
vibra constelações.
Sou a palavra divina, filha de um Pai nada negligente,
onde fala a minha língua e a de toda a gente, nação
analfabeta de uma fé, enquanto homens denominam-se
anjos e pisam na brasa de sua própria tortura.
Não me engano, não me atiro em águas escuras,
sei bem que o livro contém a verdade, não o diagnostico.
Também não sou a arrogância, como serei se eu
mesma sei que um dia irei morrer e daqui jamais levarei
o orgulho, os bens, prefiro levar o jardim com flores, perfumes e odores, nada além.

Rosa do Deserto

Publicado no Recanto das Lertras em 27/02/2008
Código de texto: T878685

GRANDES ENCONTROS:

NESTE ESPAÇO SE REÚNEM NOSSOS GRANDES MESTRES, NOSSOS GURUS, NOSSOS INSPIRADORES. NOSSOS MAIORES POETAS.

INCENSO FOSSE MÚSICA

isso de querer
ser exatamente aquilo
que a gente é
ainda vai
nos levar além

PAULO LEMINSK, in "Jornal da Poesia"
www.secrel.com.br/jpoesia/

CONTA A LENDA QUE DORMIA

Conta a lenda que dormia
Uma Princesa encantada
A quem só despertaria
Um Infante, que viria
De além do muro da estrada.
Ele tinha que, tentado,
Vencer o mal e o bem,
Antes que, já libertado,
Deixasse o caminho errado
Por o que à Princesa vem.

A Princesa Adormecida,
Se espera, dormindo espera.
Sonha em morte a sua vida,
E orna-lhe a fronte esquecida,
Verde, uma grinalda de hera.

Longe o Infante, esforçado,
Sem saber que intuito tem,
Rompe o caminho fadado.
Ele dela é ignorado.
Ela para ele é ninguém.

Mas cada um cumpre o Destino -
Ela dormindo encantada,
Ele buscando-a sem tino
Pelo processo divino
Que faz existir a estrada.

E, se bem que seja obscuro
Tudo pela estrada fora,
E falso, ele vem seguro,
E, vencendo estrada e muro,
Chega onde em sono ela mora.
E, inda tonto do que houvera,
Ã cabeça, em maresia,
Ergue a mão, e encontra hera,
E vê que ele mesmo era
A Princesa que dormia.

FERNANDO PESSOA, in "Jornal da Poesia"
www.secrel.com.br/jpoesia/

MAS HÁ A VIDA

Mas há a vida
que é para ser
intensamente vivida,
há o amor.
Que tem que ser vivido
até a última gota.
Sem nenhum medo.
Não mata.

CLARICE LISPECTOR, in "Jornal da Poesia"
www.secrel.com.br/jpoesia/

ODARA

deixe eu dançar
pro meu corpo ficar odara
minha cuca ficar odara
deixe eu cantar
que é pro mundo ficar odara
pra ficar tudo jóia rara
qualquer coisa que se sonhara
canto e danço que dará

CAETANO VELOSO, in LP "Bicho", Polygram, 1977

SOLIDÃO

A solidão é fera
A solidão devora
É amiga das horas
Prima-irmã do tempo
E faz nossos relógios
Caminharem lentos
Causando um descompasso
No meu coração
A solidão dos astros
A solidão da lua
A solidão da noite
A solidão da rua

ALCEU VALENÇA, in LP "Mágico", Barclay, 1984
www2.uol.com.br/alceuvalença/

SER POETA

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!

É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!

É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
é condensar o mundo num só grito!

E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

FLORBELA ESPANCA, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

RETRATO

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
— Em que espelho ficou perdida
a minha face?

CECÍLIA MEIRELES, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

IMPRESSIONISTA

Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.

ADÉLIA PRADO, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

DÁ-ME A TUA MÃO

Dá-me a tua mão:
Vou agora te contar como entrei
no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta.

De como entrei
naquilo que existe entre o número um e o número dois,
de como vi a linha de mistério e fogo,
e que é linha sub-reptícia.

Entre duas notas de música existe uma nota,
entre dois fatos existe um fato,
entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam
existe um intervalo de espaço,
existe um sentir que é entre o sentir
- nos interstícios da matéria primordial
está a linha de mistério e fogo
que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo
é aquilo que ouvimos
e chamamos de silêncio.

CLARICE LISPECTOR, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

O MEU GURI

Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí
Olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega suado e veloz do batente
E traz sempre um presente pra me encabular
Tanta conrrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega no morro com o carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos tá um horror
Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço de mais
O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo, de papo pro ar
Desde o começo, eu não disse, seu moço
Ele disse que chegava lá
Olha aí, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri

CHICO BUARQUE DE HOLANDA, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA

Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que eu nunca tive

E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada

Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar

E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada

MANUEL BANDEIRA, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

CANTO DAS TRÊS RAÇAS

Ninguém ouviu um soluçar de dor
No canto do Brasil.
Um lamento triste sempre ecoou
Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro e de lá cantou.

Negro entoou um canto de revolta pelos ares
No Quilombo dos Palmares, onde se refugiou.
Fora a luta dos inconfidentes
Pela quebra das correntes.
Nada adiantou.

E de guerra em paz, de paz em guerra,
Todo o povo dessa terra
Quando pode cantar,
Canta de dor.
E ecoa noite e dia: é ensurdecedor.
Ai, mas que agonia
O canto do trabalhador...
Esse canto que devia ser um canto de alegria
Soa apenas como um soluçar de dor.

MAURO DUARTE E PAULO CÉSAR PINHEIRO, in LP "Clara", Odeon, 1976

MÃE

Renovadora e reveladora do mundo
A humanidade se renova no teu ventre.
Cria teus filhos,
não os entregues à creche.
Creche é fria, impessoal.
Nunca será um lar
para teu filho.
Ele, pequenino, precisa de ti.
Não o desligues da tua força maternal.
Que pretendes, mulher?
Independência, igualdade de condições...
Empregos fora do lar?
És superior àqueles
que procuras imitar.
Tens o dom divino de ser mãe
Em ti está presente a humanidade.

Mulher, não te deixes castrar.
Serás um animal somente de prazer
e às vezes nem mais isso.
Frígida, bloqueada, teu orgulho te faz calar.
Tumultuada, fingindo ser o que não és.
Roendo o teu osso negro da amargura.

CORA CORALINA, in " Jornal de Poesia"
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AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda Gira,
a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

FERNANDO PESSOA, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

Agosto.
Contraponentes de pêssego e açúcar,
e o sol dentro da tarde
como o caroço numa fruta.

A espiga de milho guarda intacto
seu riso amarelo e duro.

Agosto.
Os meninos comem
pão moreno e ria a lua.

VLADIMIR MAIAKÓVSKI

ISMÁLIA

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava longe do céu...
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar. . .
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma, subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

ALPHONSUS DE GUIMARAENS, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

DOS MILAGRES

O milagre não é dar vida ao corpo extinto,

Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo...

Nem mudar água pura em vinho tinto...

Milagre é acreditarem nisso tudo!

MÁRIO QUINTANA, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

POESIA

Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

CARLOS DRUMOND DE ANDRADE, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

SONETO DITADO NA AGONIA

Já Bocage não sou!... À cova escura
Meu estro vai parar desfeito em vento...
Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento
Leve me torne sempre a terra dura;
Conheço agora já quão vã figura,
Em prosa e verso fez meu louco intento:
Musa!... Tivera algum merecimento
Se um raio da razão seguisse pura.
Eu me arrependo; a língua quasi fria
Brade em alto pregão à mocidade,
Que atrás do som fantástico corria:
Outro Aretino fui... a santidade
Manchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,
Rasga meus versos, crê na eternidade!.

MANUEL MARIA BARBOSA DU BOCAGE, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.

OSWALD DE ANDRADE, in Poesias Reunidas. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1971.

CANÇÃO DO EXÍLIO

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar — sozinho, à noite —
Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,
nde canta o Sabiá.
ão permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Coimbra - julho 1843.

GONÇALVES DIAS, in "Jornal de Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

NOTURNO

Pesa o silêncio sobre a terra. Por extenso
Caminho, passo a passo, o cortejo funéreo
Se arrasta em direção ao negro cemitério...
À frente, um vulto agita a caçoula do incenso.

E o cortejo caminha. Os cantos do saltério
Ouvem-se. O morto vai numa rede suspenso;
Uma mulher enxuga as lágrimas ao lenço;
Chora no ar o rumor de misticismo aéreo.

Uma ave canta; o vento acorda. A ampla mortalha
Da noite se ilumina ao resplendor da lua...
Uma estrige soluça; a folhagem farfalha.

E enquanto paira no ar esse rumor das calmas
Noites, acima dele em silêncio, flutua
O lausperene mudo e súplice das almas.

FRANCISCA JÚLIA, in "Jornal da Poesia"
http://www.secrel.com.br/jpoesia/

ENCONTRO DE POETAS

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

CHUVA

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